A Apple está entrando em uma nova fase. Após mais de uma década de estabilidade sob o liderança de Tim Cook, a gigante de Cupertino começa a redesenhar seu quadro de executivos e a reposicionar suas prioridades de produto. No epicentro dessa transição está John Ternus, atual chefe de Engenharia de Hardware, que vem ganhando cada vez mais destaque público e interno como o possível sucessor de Tim Cook.
Segundo Mark Gurman, da Bloomberg, a maçã está intensificando o holofotes sobre Ternus à medida que a sucessão executiva se aproxima. O movimento não é apenas simbólico, mas reflete uma estratégia da Apple em direção ao desenvolvimento de produtos e inovação tecnológica, área que historicamente definiram seu sucesso e influência.
A nova geração de líderes da Apple
Ao longo da última década, a Apple manteve uma diretoria estável. Grandes nomes como Jony Ive (Design) e Angela Ahrendts (Varejo) deixaram a empresa, mas o núcleo técnico se manteve sólido. Agora, com a saída de Jeff Williams, ex-diretor de operações e considerado o herdeiro natural de Cook, a sucessão voltou ao centro das discussões internas.
Entre os possíveis candidatos, John Ternus desponta como a escolha mais coerente. Aos 50 anos, a mesma idade que Cook tinha ao assumir o cargo em 2011, ele combina visão técnica, liderança discreta e carisma interno. Além disso, Ternus representa o perfil que muitos analistas acreditam ser necessário para o futuro da empresa. Um tecnólogo com uma mentalidade capaz de unir hardware, software e inteligência artificial sob uma visão integrada, buscando a excelência nos produtos da empresa.

John Ternus ingressou na Apple em 2001 trabalhando incialmente em projetos de design mecânico. Seu papel cresceu com o tempo, e ele esteve envolvido em algumas das maiores transformações da empresa, incluindo a transição dos Macs para os processadores Apple Silicon (M1, M2 e M3), uma das decisões mais bem sucedidas da era pós Jobs.
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Em 2021, Ternus foi promovido a vice presidente sênior de engenharia de hardware, cargo que o colocou diretamente sob os holofotes. Desde então, ele se tornou uma figura recorrente nas apresentações de produtos e nos vídeos do Apple Events. Seu nome está por trás de produtos emblemáticos, como o iPhone 17 Air, os novos iPads Pro com chip M4 e os modelos de MacBooks com design ultrafino.
Recentemente, Ternus apresentou o iPhone Air, o primeiro grande redesenho do iPhone em anos, reforçando a sua imagem como o “novo rosto da inovação da Apple”.
Óculos Inteligentes e a realidade aumentada.
Outra frente de transformação é o universo da realidade mista. Apesar dos desafios iniciais do Apple Vision Pro, o produto abriu caminho para o que a Apple considera o próximo grande salto tecnológico: óculos inteligentes mais leves e acessíveis.
Segundo a Bloomberg, o projeto “Vision Air”, que visava uma versão intermediária do headset, foi abandonado para dar lugar a um dispositivo de óculos com foco em portabilidade e uso diário.
Essa mudança demonstra uma virada estratégica para competir diretamente com os headsets robustos. A Apple quer criar a próxima geração de wearables entre Apple Watch e os AirPods, mas com funções visuais e integração total ao ecossistema Apple Intelligence.
Ternus, com sua experiência em engenharia está profundamente envolvido nesse processo, supervisionando equipes que trabalham na miniaturização de sensores, baterias e displays – um desafio técnico que pode definir o próximo capítulo da empresa.
Aliás, um dos pontos críticos para o futuro da Apple é sua posição no campo da inteligência artificial generativa. Apesar do lançamento do Apple Intelligence e das novas funções da Siri, que foi reformulada, a empresa ainda enfrenta críticas por ter demorado a reagir à ascensão de rivais como a OpenAI, a Google e a Meta.
Com o status do chefe de IA John Giannandrea em dúvida e a criação do laboratório Superintelligence Labs, a Apple busca um novo impulso nesse setor. Fontes apontam que executivos de IA da Meta Platforms e startups como a Scale AI (fundada por Alexandr Wang) foram sondados para liderar futuras divisões.
Aqui, o papel de Ternus é estratégico, a qual ele defende uma integração profunda da IA ao hardware, reforçando a tese de que o verdadeiro diferencial da Apple está na sinergia entre chips, sensores e software. O Apple Intelligence, por exemplo, é otimizado para rodar diretamente nos chips M4 e A19, o que garante velocidade, privacidade e eficiência energética, pilares do design da Apple.
Sucessão e continuidade: o legado de Cook e o papel de Ternus
Tim Cook completará 65 anos no próximo mês, e embora continue ativo, a ausência de um “número 2” torna inevitável a especulação sobre a sua sucessão. Cook pode seguir o exemplo de outros líderes das gigantes da tecnologia, como o Jeff Bezos e Biil Gates como presidente do conselho após deixar o cargo de CEO.
Nesse cenário, Ternus aparece como sucessor ideal. Ele combina requisitos como a estabilidade operacional com o entendimento técnico, além de representar uma nova geração de liderança focada em inovação sustentável e integração entre hardware e IA.
Ao contrário de executivos voltados para o marketing ou para as operações, Ternus pode simbolizar o DNA criativo da Apple, o mesmo que guiou Steve Jobs e Jony Ive, mas com o pragmatismo que Cook consolidou.
O futuro da Apple dependerá da capacidade de equilibrar crescimento com inovação. Os próximos anos devem trazer uma linha de produtos interconectados por inteligência artificial e experiências imersivas com design centrado no usuário.
Se o conselho realmente escolher John Ternus como o próximo CEO, a mensagem será clara: a Apple quer voltar a ser lembrada por usas inovações disruptivas e não apenas por seu sucesso financeiro.
E os sinais já estão aí. Sob sua supervisão, os produtos estão mais ousados, o discurso está mais técnico e a estratégia mais integrada. A ascensão de Ternus não é apenas uma mudança de liderança, mas pode representar o renascimento da alma inovadora da Apple.