O mercado global de criptomoedas voltou a ocupar o centro das atenções financeiras após registrar um feito histórico: os fundos negociados em bolsa (ETFs) que acompanham ativos digitais atraíram um volume recorde de US$ 5,95 bilhões em aportes, segundo dados da CoisSahres. O movimento foi impulsionado, principalmente, pela alta do bitcoin, que atingiu US$ 125.689 e marca o maior valor já registrado da história da criptomoeda.
Esse desempenho reflete a crescente confiança dos investidores no bitcoin e também o amadurecimento do mercado de criptoativos como um todo e que vem ganhando força em meio a um cenário global de incerteza econômica, dólar enfraquecido e valorização do ouro.
Os Estados Unidos concentraram a maior parte das entradas, com US$ 5 bilhões aplicados em ETFs de cripto, posicionando-se como o principal investidor institucional em ativos digitais. Logo atrás aparecem a Suíça com US$ 563 milhões e a Alemanha com US$ 312 milhões, ambas registrando recordes nacionais de captação de acordo com o relatório da CoinShares.
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O desempenho demonstra o apetite crescente por produtos de investimento regulados e de fácil acesso, como os ETFs, que permitem exposição a criptomoedas sem a necessidade de compra direta ou custódia individual. Esse modelo tem sido o principal responsável por atrair grandes gestoras, bancos e investidores institucionais para o mercado cripto, ampliando sua legitimidade perante o sistema financeiro tradicional.
O que é um ETF?
Um ETF (Exchange Traded Fund) é um fundo de investimento negociado em bolsa, que tem como objetivo replicar o desempenho de um índice, cesta de ativos ou commodity.
Em vez de comprar cada ativo individualmente, o investidor compra cotas do fundo que representam uma fração proporcional do portifólio total.
Por exemplo: Um ETF de ações replica o desempenho das 500 maiores empresas listadas nos EUA. Um ETF de bitcoin replica o preço do bitcoin no mercado, permitindo exposição ao ativo sem precisar comprá-lo diretamente.
Esses fundos funcionam como uma “ponte” entre investidores e mercados complexos, oferecendo acesso simplificado, liquidez e diversificação. Para melhorar a compreensão, vamos esclarecer como o ETF funciona no mercado.
Como os ETFs funcionam na prática?
- Criação do fundo: Uma gestora financeira cria o ETF e define seu índice de referência, por exemplo, o preço do bitcoin, do ouro ou de uma cesta de criptomoedas.
- Lastro de composição: O fundo mantém os ativos reais (como bitcoins armazenados em custódia segura, ou ações de empresas), que dão lastro às cotas negociadas. No caso dos ETFs de criptomoedas, o emissor pode comprar os criptoativos reais e mantê-los em custódia (ETF físico), ou replicar o preço via contratos futuros e derivativos (ETF sintético).
- Negociação em Bolsa: As cotas do ETF são negociadas como ações comuns nas bolsas. Isso permite liquidez diária (o investidor pode comprar ou vender cotas a qualquer momento durante o pregão).
- Formadores de mercado (Market makers): Eles garantem que o preço do ETF permaneça alinhado ao valor dos ativos subjacentes (bem ou título que serve de base de valor para outro produto financeiro).
Quando há divergência de preço, compram ou vendem cotas para manter o equilíbrio.
Como funcionam os ETFs de criptomoedas
Os ETFs de criptomoedas seguem os mesmos princípios dos ETFs tradicionais, mas o ativo subjacente é digital. Eles podem ser de dois tipos principais:
- ETF físico (spot):
O fundo compra e mantém criptomoedas reais em custódia. Exemplo: Bitcoin spot ETF aprovado pela SEC nos EUA. Cada cota do fundo representa uma fração do bitcoin real armazenado. O preço do ETF reflete diretamente o valor do ativo no mercado. Esse é o tipo de ETF que atraiu US$ 5,95 bilhões em aportes globais citado pela CoinShares.
Obs: – No mercado financeiro, o termo “spot” é aquele em que a compra e a venda de um ativo ocorrem com liquidação imediata, ou seja, a entrega do ativo e o pagamento acontecem quase ao mesmo tempo, normalmente em até dois dias úteis.
- ETFs sintéticos (futuros):
Em vez de comprar o ativo, o fundo usa contratos futuros para aplicar o preço. São comuns quando há restrições regulatórias sobre a posse direta de criptoativos. Podem ter custos e volatividade maiores, pois dependem de derivativos negociados em bolsa.
Resumo conceitual
| Conceito | Descrição |
|---|---|
| ETF | Fundo negociado em bolsa que replica um índice ou ativo |
| ETF físico | Fundo que mantém o ativo real (ex: bitcoins em custódia) |
| ETF sintético | Fundo que replica o preço por meio de derivativos |
| Objetivo | Dar ao investidor acesso simplificado e diversificado |
| Principal benefício | Exposição a mercados complexos com baixo custo e alta liquidez |
Bitcoin, Ether e Solana lideram as entradas
Entre os ativos que mais atraíram recursos, o bitcoin liderou com US$ 3,55 bilhões, assumindo seu papel como a principal reserva de valor digital. O Ether, segunda maior criptomoeda em valor de mercado, recebeu um aporte de US$ 1,48 bilhão, refletindo o otimismo em torno das atualizações da rede Ethereum e seu ecossistema de finanças descentralizadas (DeFi).
Já as criptomoedas Solana (SOL) e XRP também se destacaram com US$ 706,5 milhões e US$ 219,4 milhões em aportes, respectivamente. Esses números indicam que o mercado está diversificando suas apostas em projetos com alta escalabilidade, eficiência e integração com soluções de pagamento digital.
Deutsche bank prevê bitcoin nos balanços dos bancos centrais
O Deutsche bank (um dos maiores e mais antigos bancos da Europa, fundado em 1870, em Berlim, Alemanha) projeta que até 2030 o bitcoin poderá figurar nos balanços da maioria dos bancos centrais, ao lado do ouro. Essa previsão reforça a visão de longo prazo de que os criptoativos estão se tornando parte estrutural do sistema financeiro internacional.
Essa tendência é sustentada pelo avanço da regulação de criptoativos em grandes economias e pelo aumento do interesse de fundos soberanos, gestoras de patrimônios e bancos de investimento. Para analistas, o reconhecimento formal do bitcoin por instituições financeiras tradicionais é apenas uma questão de tempo, especialmente diante da pressão competitiva de países que já desenvolveram moedas digitais de banco central (CBDCs)
Porém, de acordo com o manifesto de Satoshi Nahamoto, intitulado “Withe paper “Bittcoin: A Peer-toPeer-Eletronic Cash System”, o bitcoin foi criado com base em princípios como a descentralização, a transparência e a autonomia financeira, como resposta às fragilidades do sistema bancário tradicional expostas pela crise global no ano de 2008. Idealizado pelo pseudônimo Satoshi Nakamoto, o projeto visava eliminar a dependência de intermediários, como bancos e governos, ao permitir transações ponto a ponto (peer-to-peer) registradas no chamado livro público imutável, a blockchain.
Essa arquitetura distribuída garantiria que nenhuma instituição tivesse controle central sobre o sistema, tendo por base de que o poder econômico deveria estar nas mãos dos usuários.
Políticas econômicas e influência de Donald Trump
O forte desempenho das criptomoedas em 2025 também é atribuído a políticas econômicas mais favoráveis implementadas sob a presidência de Donald Trump. O novo ambiente regulatório, mais aberto à inovação financeira, tem estimulado a entrada de investidores institucionais e a expansão dos ETFs de criptoativos aprovados pela SEC (Securities and Exchange Commission).
A integração do bitcoin ao mercado financeiros global vem avançando com rapidez, com corretoras, bancos e plataformas de pagamento adotando uma infraestrutura cripto. Esse processo de integração sistêmica das criptos confirma a credibilidade do mercado e aumenta a sua liquidez se aproximando do perfil dos investidores tradicionais.
