Durante muito tempo, a Apple seguiu um caminho conservador com o design do iPhone. Basta comparar um modelo atual com outro de cinco anos atrás para notar que as bordas mudaram levemente, as cores ganharam ajustes e o módulo de câmeras cresceu. Mas, no geral, a aparência é quase a mesma. O iPhone, que um dia fez multidões enfrentarem madrugadas formando filas em frente às lojas, perdeu parte do fator surpresa.
Segundo Mark Gurman, da Bloomberg, a empresa está prestes a embarcar em um ciclo de mudanças profundas, planejando nada menos que três anos seguidos de grandes reformulações para seu produto mais importante.
Se 2025 não deverá trazer grandes mudanças, será o ponto de partida para uma fase chamada pelo jornalista de “uma vez a cada geração” em termos de inovação.
O nascimento do iPhone Air

Em setembro a maçã chegará com um novo integrante na família: o iPhone Air, que substituirá o iPhone 16 Plus, O nome não é a toa. Assim como o Macbook fez em 2008, a proposta é entregar um modelo mais fino, mais leve e com forte apelo ao Marketing.
Entretanto, como todo produto Air da Apple, ele virá com concessões. A bateria terá duração inferior à dos modelos mais robustos, haverá apenas uma câmera traseira e não haverá espaço para um chip físico de operadora, apenas eSIM. Além disso, o aparelho será o primeiro a adotar o modem desenvolvido internamente pela própria Apple, em vez dos chips da Qualcomm.
O modelo será lançado supostamente na cor azul claro, enquanto os iPhones 17 pro ganharão uma versão em laranja.
A linhas tradicional não ficará de fora. Teremos os iPhones 17 Pro e 17 Pro Max mantendo um design bastante familiar, com pequenas mudanças visuais e aprimoramentos no sistema de câmeras. De qualquer forma a Apple aposta no iPhone Air como ponto de partida para outras inovações.
iPhone dobrável em 2026

Para Gurman, o grande marco virá em 2026 com o primeiro iPhone dobrável, de codinome V68. O aparelho seguirá o formato de “livro” já visto nos Galxy Z Fold da Samsung, abrindo em uma tela maior que lembra um tablet compacto.
O dispositivo contará com quatro câmeras: uma frontal, uma interna e duas traseiras. Como o iPhone Air, não terá entrada para SIM físico e usará Touch ID em vez do Face ID. Nostálgico, porém, um retrocesso.
Segundo o analista, a Apple já trabalha junto aos fornecedores para iniciar a produção em larga escala no próximo ano, mirando um lançamento no outono de 2026. As primeiras versões em teste aparecem nas cores preto e branco.
Outro detalhe importante é o uso do modem C2, desenvolvido pela Apple, com desempenho finalmente no nível dos chips recentes da Qualcomm.
A tela também passou por ajustes no projeto. A Apple abandonou a ideia inicial de sensores On-Cell, que criavam espaços de ar e vinco mais visível, optando por tecnologia in-Cell, mais próxima à usada nos iPhones atuais. Isso deve reduzir a marca da dobra e melhorar a precisão do toque.
O iPhone 20 e sua revolução em 2027
O ano de 2027 marcará os 20 anos do iPhone. E a Apple pretende comemorar em grande estilo com o iPhone 20, um modelo de vidro por todos os lados.
Essa será a primeira grande ruptura estética desde 2020, quando o design de bordas retas foi adotado. A ideia é alinhar o hardware com a nova interface Liquid Glass, que deve estar presente no iOS e outros sistemas operacionais já no próximo ano.
Se confirmada, essa mudança encerrará de vez a fase retangular que dominou a última década e marcará o início de uma nova era no design para a Apple.
Embora o iPhone seja o centro das atenções, Gurman lembra que a Apple tem uma longa lista de produtos em desenvolvimento. Entre eles:
- Apple watch atualizado
- iPad Pro com chip M5
- Vision Pro mais rápido (apesar das críticas de que o atual é um fracasso comercial)
- Airpods Pro com monitoramento de batimentos cardíacos
- HomePod mini e a nova Apple TV
- Para 2026, o aguardado HomePod com tela e um novo sistema operacional doméstico, o Charismatic, para enfrentar a Amazon e a Google.
Mais a longo prazo, a lista impressiona: os óculos inteligentes sem tela, o robô de mesa, headset mais brato e leve, Airpods com câmera, iPad dobrável que se transforma em Mac, além de sistemas de segurança doméstica.
Mas o grande destaque sempre foi o iPhone, mesmo não causando tantas surpresas ao longo desses anos. Com a receita do iPhone amadurecendo, os serviços se tornaram a grande aposta da Apple. Hoje, eles já representam cerca de U$$ 100 bilhões anuais, sendo a área mais lucrativa fora do smartphone. Mas quem diga que ainda há desafios no horizonte.
Reguladores apertam o ceroc sobre a App Store e as compras dentro dos aplicativos, especialmente nos EUA. O acordo de busca com o Google, que garante cerca de U$$ 20 bilhões por ano à Apple, pode ser invalidado. Isso coloca até 40% da receita de serviços em risco.
Para compensar, a Apple tem tomado algumas medidas. Entre elas, plano de U$$ 20 mensais que cobre 3 dispositivos no AppleCare One; aumento do preço do Apple TV+ de U$$ 9,99 para U$$ 12,99 (isso certamente terá consequências em outros países) e; a preparação para lançar o Apple Health+, um serviço pago de saúde com inteligência artificial que funcionará como um treinador pessoal de nutrição e bem estar. Basta saber se esse modelo de serviço será bem recebido.
A Siri em busca de uma nova identidade

Outro ponto crítico é a Siri, que enfrenta um dilema dentro da empresa. A Apple pode insistir em seus próprios modelos de IA ou adotar soluções de terceiros. Parece que a última alternativa é que está sendo adotada.
Segundo Gurman, a empresa já conversou com o Google, a Anthropic e a OpenAI. As negociações com a Anthropic estão avançadas, e a Apple já usa o Claude em ferramentas internas, inclusive no Xcode para desenvolvedores.
Mas o Goole pode ser o parceiro estratégico ideal. A Apple estaria testando versões do Gemini rodando em sua Private Cloud Compute, o que poderia render uma Siri renovada e também um novo acordo de busca coma gigante das pesquisas.
Mas enquanto planeja o futuro, a Apple enfrenta uma dor de cabeça, que é a perda de profissionais de inteligência artificial.
Nos últimos dois meses, seis engenheiros e executivos deixaram a Apple em direção à Meta, incluindo um líder da equipe de modelos e um diretor de infraestrutura de IA.
Segundo a notícia, alguns fatores ocasionaram essa saída, como as dificuldades da Apple em competir no setor de IA, a incerteza sobre a estratégia da Siri e os pacotes salariais agressivos oferecidos pela Meta.
Outro problema, só que visto de fora, e que muitos críticos consideram como um fracasso, o Vision Pro é considerado como um sucesso pela Apple, com avanços importantes em realidade virtual e vídeo imersivo.
Mas, em conversas privadas, executivos estariam reconhecendo o contrário. As vendas abaixo das expectativas, pouco interesse dos consumidores e a escassez de aplicativos demonstram um resultado abaixo do esperado.
A esperança é que essa experiência talvez leve para um futuro em que a Apple desenvolva óculos de realidade aumentada bem sucedidos, com versões mais leves e baratas do dispositivo. Talvez o Vision Pro tenha o seu mérito no entretenimento de jogos, mas a demanda atual implora por um dispositivo que ofereça recursos e utilidades no cotidiano das pessoas. Caso contrário, a Apple terá desperdiçado bilhões em investimento e uma década de trabalho.
Conclusão: o iPhone segue no centro de tudo
As palavras de Mark Gurman da Bloomberg mostram que a Apple está em plena transição. O futuro passa pela reinvenção do iPhone, pela disputa no campo da IA e pela tentativa de consolidar serviços como fonte de receita.
Mesmo diante das apostas em novos produtos e com inovações modestas, o consenso é que o iPhone permanece sendo o coração da Apple. O plano de três anos de mudanças, com o iPhone Air em 2025, o dobrável em 2026 e o vidro curvo em 2027, garante que o iPhone ainda será a peça principal da estratégia da empresa.
Para os fãs da marca, o recado é simples e claro: depois de anos de marasmo no design, a Apple está prestes a trazer de volta a emoção que fez o iPhone se tornar o ícone tecnológico do nosso tempo. O que vem por aí é nada menos que uma nova era para a empresa. Só nos resta aguardar.