A tentativa de reestruturação da Intel sob a liderança de Lip-Bu Tan enfrenta um novo obstáculo. O Presidente Donald Trump pediu publicamente que Tan deixe o cargo, alegando conflitos de interesse relacionados à China. O momento é delicado para a gigante americana de chips, que busca recuperar competitividade frente ás rivais como Nvidia e TSMC, enquanto tenta reforçar sua presença na política industrial dos EUA.

O estopim da crise foi uma reportagem da Reuters que revelou negociações de Tan com uma universidade militar chinesa, acusada de simular testes nucleares. Apesar de não haver violação das leis americanas, o contexto geopolítico atual intensificou a pressão. Além disso, Tan investiu em centenas de startups chinesas, algumas ligadas ao exército, o que aumentou ainda mais a pressão política.
Analistas e investidores avaliam a situação como uma distração perigosa para a Intel. Lip-Bu Tan respondeu reafirmando seu compromisso com os EUA, país onde vive há mais de 40 anos, e destacou o compromisso com a segurança nacional e econômica dos EUA, apoio do conselho para sua estratégia de focar em produtos chaves e eliminar áreas improdutivas. Internamente, a Intel busca passar uma imagem de estabilidade, mas o ruído político persiste.
Desafios e os próximos passos da Intel
Depois de perder quase dois terços do seu valor em 2024, a Intel iniciou em 2025 uma reestruturação, desacelerando planos agressivos de expansão como a construção de fábricas em Ohio, anunciadas pelo ex-CEO Pat Gelsinger. Lip-Bu Tan adotou uma postura mais cautelosa, condicionando novos investimentos à demanda real, o que gerou tensão com o governo americano. Essa crise transcende a gestão da Intel e reflete a disputa geopolítica entre os EUA e a China pelo domínio tecnológico, especialmente em Inteligência Artificial e semicondutores. A Intel é uma das maiores beneficiárias do Chips Act, mas o apoio governamental pode ser afetado pelas pressões políticas.
O conselho da Intel terá que decidir se mantém Tan no comando, reforçando a narrativa de compliance e patriotismo econômico, ou se opta pela troca da liderança, o que pode gerar instabilidade e atrasar a reestruturação. Manter Tan exige resiliência e uma comunicação firme para proteger a visão de longo prazo, enquanto a substituição pode minar a confiança de investidores e parceiros justamente quando a empresa mais precisa de estabilidade. No fim, o futuro da Intel dependerá da capacidade de entregar produtos competitivos, controlar custos e se posicionar no mercado global. Navegar no fogo cruzado entre Washington e Pequim será o grande desafio.