Exatos 30 anos atrás, em 24 de agosto de 1995, a Microsoft mudava para sempre a forma como o mundo usava os computadores. O lançamento do Windows 95 não foi apenas um marco tecnológico, mas também um evento cultural sem precedentes.
Até então, a computação pessoal ainda parecia um território reservado para especialista. A interação com o MS-DOS exigia comandos digitados manualmente, e mesmo os sistemas gráficos da época eram limitados e pouco intuitivos. Com o Windows 95, tudo mudou: o computador se transformava em um produto acessível, amigável e , pela primeira vez, divertido.
O lançamento do Windows 95 foi comparado a uma estreia de cinema. Milhares de pessoas formaram filas em frente à lojas à meia noite, ansiosas para colocarem as mãos no novo sistema.


A Microsoft não economizou em Marketing, foram U$$ 300 milhões investidos em uma campanha global que incluiu comerciais embalados pela música Start Me Up, dos Rolling Stones, e até um vídeo promocional estrelado por Jennifer Aniston e Matthew Perry, de Friends.
Essa foi a primeira vez que um sistema operacional virou fenômeno cultural. A Microsoft soube transformar um produto técnico em um evento midiático, conquistando entusiastas da tecnologia e o público em geral.
O que o Windows 95 trouxe de novo
OO Windows 95 marcou a transição do MS-DOS para uma interface intuitiva, consolidando recursos que ainda hoje fazem parte da experiência do usuário. Entre as principais novidades estavam:
O botão iniciar:
Talvez o ícone mais duradouro criado pela Microsoft. Com um simples clique, o usuário acessava todos os programas e configurações do computador. O botão iniciar é um recurso de acesso e um ícone visual permanente, tornou-se um símbolo do sistema e está presente em praticamente todas as versões do Windows desde então.
Barra de tarefas:
Outro elemento que se tornou padrão. Pela primeira vez, era possível visualizar quais programas estavam abertos e alternar entre eles de forma simples, algo que foi revolucionário naquele ano de 95.
Arquitetura de 32 bits e multitarefa:
O Windows 95 introduziu uma arquitetura mais moderna que permitia rodar aplicativos de 32 bits, que significava melhorias de desempenho e um verdadeiro suporte à multitarefa, ou seja. a possibilidade de abrir vários programas ao mesmo tempo sem travamentos.
Plug and Play:
O recurso prometia simplificar a vida dos usuários ao reconhecer automaticamente novos dispositivos conectados, como impressoras e caixas de som. Na prática, os erros renderam o apelido “Plug and Pray”, mas foi o embrião da facilidade qe hoje consideramos básica.
Suporte à internet:
Embora a rede mundial ainda estivesse engatinhando em 1995, o Windows já vinha preparado para o futuro. O sistema oferecia suporte ao protocolo TCP/IP e recebeu mais tarde o Internet Explorer, abrindo o caminho para a popularização da Web.
Suporte a nomes longos de arquivos
Adeus à limitação do DOS, que aceitava apenas oito caracteres. Agora os usuários podiam salvar documentos e programas com até 255 caracteres em seu nome.
Nostalgia: requisitos mínimos e mídias físicas
Os requisitos do Windows 95 hoje parecem quase uma piada. Para rodar o sistema, bastava um processador 386DX, 4 MB de RAM, uma placa VGA e cerca de 50 MB de espaço em disco. Para um desempenho ideal, recomendava-se um 486 com 8 MB de RAM e uma tela SVGA.
O sistema era distribuído em CD-ROM e também em disquetes de 3,5 polegadas. A versão completa chegava a ter de 13 a 15 disquetes, e um deles era usado apenas para dar boot no computador antes da instalação.
Sucesso imediato: Vendas e o impacto financeiro
O investimento milionário em marketing deu resultado. No primeiro dia, as vendas do Windows 95 atingiram U$$ 720 milhões. Apenas quatro dias depois, um milhão de cópias já haviam sido enviadas às lojas.
Em seu primeiro ano, a Microsoft celebrou a marca de 40 milhões de unidades vendidas em todo mundo, consolidando o sistema como o maior da história da empresa até então.
Games e internet: o PC como plataforma de entretenimento
Outro ponto que garantiu o sucesso do Windows 95 foi a aposta em jogos e suporte à web. Dez das doze principais editoras de games da época lançaram títulos compatíveis com o sistema. Jogos como Diablo, Quake, Warcraft II, Residente Evil e Fallout são alguns que ajudaram a consolidar o PC como uma plataforma de entretenimento.
Na mesma época, a guerra dos navegadores começava. A Netscape e a Microsoft disputavam a preferência dos usuários, dando início à corrida que definiria a internet nos anos seguintes.
Algumas curiosidades dos bastidores
A Microsoft queria garantir que o Windows 95 fosse compatível com o maior número possível de softwares. para isso, comprou literalmente todos os programas disponíveis em uma loja de informática da rede Egghead Software. Foram mais de U$$ 10 mil em compras, divididos e, várias transações porque o valor chegou a travar o sistema da registradora.
De volta ao escritório, os desenvolvedores receberam pilhas de caixas para instalar manualmente e reportar os erros.; Nada de testes automatizados ou atualizações online, era um trabalho braçal para garantir que o Windows 95 funcionasse no “mundo real”.
Som que marcou geração
A Microsoft também quis dar ao Windows 95 uma identidade sonora. Para isso, encomendou ao músico Brian Eon uma vinheta curta que marcaria a inicialização do sistema. O resultado foi o clássico Microsoft Sound, com apenas seis segundos de duração, mas que permanece até hoje na memória das pessoas.
O Legado
O Windows 95não foi apenas mais um sistema operacional, ele transformou o computador em um objeto de desejo, algo divertido e culturalmente relevante. Foi o ponto de virada que consolidou o PC como ferramenta essencial em casas, escolas e escritórios.
Mesmo com suas falhas de estabilidade, travamentos frequentes e a dependência parcial do DOS, o Windows 95 se tornou o marco de uma geração. Elementos criados naquela época, como o botão iniciar e a barra de tarefas, permanecem presentes até hoje na versões mais modernas do Windows.
Ao completar 30 anos de seu lançamento, o Windows 95 continua sendo lembrado como um sistema operacional e como um momento em que os computadores deixaram de ser máquinas intimidadoras e passaram a fazer parte da vida cotidiana das pessoas.
Ele representa o início da era digital para milhões de pessoas, marcou a popularização da internet e abriu espaço para que o PC se tornasse uma plataforma de trabalho, entretenimento e comunicação.
Assim como o iPhone anos depois, o Windows 95 mostrou que a tecnologia pode ser pop. E talvez esse seja o maior legado de todos: a prova de que a inovação não precisa ser fria, distante para a maioria das pessoas, mas pode emocionar, inspirar e transformar a cultura.